Para ajudar a manter a pontaria em dia, ele espalhou pela casa alguns objetos relacionados às Olimpíadas. O foco é tão grande que Marcus D'Almeida sequer sabe responder o que mais falta na sua vida.

"A caneca que eu tomo café da manhã é de Paris-2024. No meu espelho do banheiro tem um ímã que minha psicóloga me deu que é de Paris-2024. E a garrafa que eu uso de vez em quando para treinar ou para levar pra alguns lugares também é de Paris. Então, o foco está 100% no que vai acontecer daqui menos de um ano", avisa.

O planejamento de Marcus também foi pensado para o brasileiro estar no auge justamente no meio do ano que vem. "Tanto é que em questão de volume de flechas, eu não toquei no meu máximo esse ano. Eu toco ano que vem lá em Paris".

Muito mais do que uma boa mira, Marcus D'Almeida precisa dominar as regulagens do arco, estar com o físico em dia e ter a cabeça fria para "deixar fluir" durante as competições.

A cada disparo, Marcus carrega 2,5 kg do corpo do arco e mais 25 kg na hora de puxar. E o brasileiro tem uma média de 300 a 350 flechas por dia. Ou seja, até o início da competição de tiro com arco nas Olimpíadas, terá atirado em treinamento entre 84.600 a 98.700 flechas.

Somada a essa força, tem trabalho físico e até controle dos batimentos cardíacos. "A gente tem de estar num condicionamento físico bom, porque com isso, teoricamente, o seu batimento fica mais baixo e você tem certa vantagem. Então, tudo isso importa", explica.

E quanto a luz e a direção do vento? Simples. É foco total naquilo que se pode controlar. O importante é estar com a mente tranquila na hora do "embate" com o alvo.

"É você contra você mesmo. O alvo é um espelho. [...] O importante é você estar bem preparado, sabendo que fez tudo o que podia fazer. E não só fazer, fazer bem feito. O segredo para ter uma mente tranquila na hora da prova é esse. Não tem como ficar sempre calmo, porque na hora é pressão. Não tem jeito", diz.

Marcus é um dos grandes nomes da delegação brasileira para os Jogos Pan-Americanos de Santiago, mas lá o objetivo é classificar o time feminino para Paris-2024.

"É talvez o principal objetivo do Pan, trazer essa vaga para o feminino. Já que está dando vaga, essa é uma boa hora para pegar", explicou.

Ele, porém, já avisou que podem vir coisas boas, tanto na equipe, na equipe mista e no individual. "A gente pode trazer um resultado histórico para o Brasil", afirma.

Marcus, por exemplo, ainda não conquistou o ouro em Jogos Pan-Americanos. Foi prata no individual em Lima-2019 e bronze por equipes em Toronto-2015.